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Catálogo exposição Lisboa, BP - Março/Abril 1896

Catálogo exposição Lisboa, BP – Março/Abril 1896

Texto de Catálogo de uma exposição individual em Lisboa em Março de 1986, promovida pelo Sector Cultural do Grupo Desportivo do Banco de Portugal, por altura dum encontro realizado pelo Comité dos Sindicatos dos Bancos Centrais, de autoria de Paulino Mota Tavares

da pintura 

Chamemos ao pintor, aquele que vê por excelência! ele estará sempre viajando pelo interior das coisas; e o traço rigoroso que lhe pertence e a ondulação que lhe habita o texto cromático reenviam-nos, em cada momento, para atitudes e universos de crítica, para áreas e conteúdos exemplarmente questionáveis. Um quadro transmuta-se, em segundos, numa larga e multímoda leitura. Ver tornar-se em acto lúdico de salutar interrogação. Uma estética que, por dentro de nós, sofre a lenta metamorfose da alegria ou do protesto, do grito ou da raiva, da notícia de tudo quanto apressadamente recolhemos, ao entardecer, por entre as ruas e a circunstância.

do pintor

A pintura é tratada como universo políédrico, facetado, construído na arquitectura dos símbolos, a exprimir angústia, pesadelo, denúncia, medo, limitação imposta pela força e tão adivinhada na rigidez circundante da linha. costa brites interioriza um dado tempo e opta por esquema figurativo que atinja, com rigor, a conflitualidade e o desencontro. Dir-se-ia que vive e sacraliza as nossas próprias angústias para, lançando mão oficinal sobre o traço e a cor, ultrapassar os limites e alcançar o campo aberto da esperança. frequenta o esquema simbólico de José de Guimarães, o misté­rio e a alegria de Francisco Relógio, a linha, a superfície, as cores de Léger, a figuração mecanícista de Paolozzi. o seu trabalho rigoroso, matemático e recortado, a sua cor violenta ou pacífica, os temas e objectivos que revela, esses fazem parte do quotidiano meditado e contrastante.

do lugar 

Depois, Costa Brites fixa um espaço, adoça a escrita mecânica; ou melhor, sublima essa disci­plina antiga e vem até nós com a descoberta álacre da cidade. nasce e renasce uma arqui­tectura, revisítando caminhos também trilhados pêlos modernistas portugueses, o pitoresco encantatório de Francis Smith, o optimismo ilustrativo de Emmérico Nunes, a reconstrução espacial de Carlos Botelho. vemos a portagem, a Praça Velha, a Rua Ferreira Borges, a Alta e Santa Clara. Ali, o brilho dos espaços amáveis onde se aprende igualmente a viver, a comunicar, a praticar a cidadania, a inventariar encontros e solidões.

Paulino Mota Tavares, 1986

Nota.: as referências aos artistas com influência em C.B. referem-se não apenas a esta temática pictórica mas a outras obras da sua heteronímia.

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